Travessia à pé, saindo da sede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), em Petrópolis, chegando na sede do PARNASO, em Teresópolis, dois adultos, no final de abril de 2019.
A travessia pode ser realizada em dois dias, mas fizemos num ritmo mais lento, uma vez que não estou acostumada a grandes esforços, e por isso gastamos 3 dias, num ritmo tranquilo.
Além da travessia em dois e três dias, existem outras opções de passeio dentro do PARNASO. Para conhecer as possibilidades e valores, acesse o site oficial.
Saímos de Petrópolis por volta das 9 da manhã do primeiro dia e chegamos em Teresópolis por volta das 15 horas, do terceiro dia.
Abrigo Morro do Sino |
Através do site do parque, reservamos cama beliche para dormir nos dois abrigos disponíveis, assim como pagamos por 5 minutos de banho quente em cada uma das paradas. Isso mesmo! Existem dois abrigos, onde ficam os guardas do parque. Nos abrigos você pode dormir em beliches, no chão (bivaque) ou no lado de fora, alugando uma barraca ou levando uma. Caso opte por levar sua barraca, leve em consideração o peso que terá que carregar. Quanto ao banho, você pode tomar banho de água fria (lá é um local frio) ou pagar por 5 minutos de água quente.
Beliches |
No abrigo não tem roupa de cama, você deve levar a sua. O ideal é um saco de dormir. No bivaque é preciso levar um isolante térmico e o saco de dormir.
Abrigo no Morro/Pedra do Açu |
Para chegar em Petrópolis, pegamos um ônibus na rodoviária Novo Rio (Rio de Janeiro). Na rodoviária de Petrópolis pegamos um táxi que nos deixou na sede do parque. O trajeto da rodoviária até a sede do parque é longo e gastamos cerca de 30 minutos. É possível ir de ônibus também, mas o táxi vai até a portaria do parque e economiza bastante caminhada. Também é viável pegar um ônibus até um bairro chamado Corrêas e da pracinha pegar um táxi até a portaria do PARNASO.
Início trilha na Sede em Petrópolis |
Quando chegamos na sede, em Petrópolis, fizemos o check in, apresentando os documentos da reserva e pegamos um voucher que especificava o pagamento para dormir nas beliches e para tomar o banho quente. Esse voucher deverá ser entregue nos abrigos.
Luvas e bastão são ótimas ferramentas. |
Os abrigos são simples. Um abrigo no Morro do Açu e um próximo ao Morro do Sino. Como iniciamos por Petrópolis, o primeiro abrigo foi no Morro do Açu. Os abrigos contam com uma cozinha, onde você pode preparar sua refeição (você deve levar sua comida; panelas, talheres e pratos eles tem e você pode utilizar livremente, respeitando os demais hóspedes); dois banheiros com água quente (deverá ter pago com antecedência, durante a reserva online, ou na entrada do parque, caso ainda tenham a oferta disponível); uma copa com mesa e dois quartos, onde ficam as beliches. No andar de cima ficam os quartos dos guardas-parques e um salão para quem vai dormir no bivaque. Do lado de fora, tem um banheiro com água fria.
Para entrar no abrigo, você TEM que retirar suas botas. O costume é levar uma sacola plástica para colocar as botas e aí sim, você as leva para dentro do abrigo. Caso as deixe do lado de fora, tenha muita atenção quando for calcá-las, pois as aranhas costumam entrar e se esconder aí. Trocas de botas, de boa ou de má-fé, não são incomuns.
Segundo dia de caminhada. |
Levamos, além de uma roupa para dormir, uma muda de roupa limpa, para usar quando terminássemos a travessia e assim estivéssemos em condições de pegar ônibus e voltar para o Rio de Janeiro. Além disso, as demais peças de roupa era voltadas para a proteção do frio. Durante a caminhada, você acaba suando e se sujando, mas parado, dependendo da época (fomos no final de abril) você poderá sentir muito frio. Em julho costuma ser um frio infernal. Não subestime o clima. Leve um par de luvas. Eu usei touca em algumas partes do trajeto, mesmo sendo abril.
Sinalização |
Para fazer a travessia é necessário conhecimento do trajeto, apesar do caminho ser bem marcado. Fui com uma pessoa que conhecia o trajeto desde a infância e por isso não tivemos dificuldade, mas se eu estivesse sozinha, teria me perdido no segundo dia em pelo menos um ponto. A trilha desaparece nas pedras e segue por lugares pouco óbvios em alguns lugares. Portanto, aconselho que faça o trajeto com alguém que já conheça o percurso, ou que estude seriamente o caminho, mesmo que esteja confiante por levar um GPS.
Sinalização |
Sinalização |
Quanto à água, você deverá levar um cantil de um litro por pessoa. Existem alguns pontos onde você pode reabastecer: entradas dos parques (Petrópolis e Teresópolis), abrigos onde vai dormir e em alguns pontos do trajeto, como no ponto chamado Ajax. Mas atenção! A fonte próximo ao Vale das Antas (onde fica uma das nascente do rio Soberbo) não é recomendada para beber, pois durante alguns anos, muitas pessoas utilizaram a área como banheiro improvisado, sem levar em consideração um distância saudável do curso d'água, o que provocou contaminação da mesma. Uma lástima, pois o lugar é lindo.
Início da trilha |
O primeiro dia é basicamente uma subida sem fim (lembrando que fizemos no sentido Petrópolis/Teresópolis). Primeira parada foi na Pedra do Queijo, onde fizemos um lanche. Próximo ao meio-dia, paramos para almoçar no Ajax. Fizemos mais uma pequena pausa para descansar e chegamos ao abrigo do Açu, ainda com luz. No Chapadão, um imenso platô no alto da montanha, mantenha-se na borda perto do vale ou vai se perder. Caso tenha pago pelo banho, aconselho logo a tomar o banho, para evitar filas e porque a água quente acaba.
Pedra do Queijo - Primeiro dia |
No dia seguinte, saímos por volta das 7 horas da manhã e fizemos o trajeto até a Pedra do Sino. Nesta parte do trajeto, alguns trechos são legais, e andar não é o suficiente para vencer a caminhada. Uma parte você precisará subir uma pedra bem íngreme, com escada de vergalhão (neste trecho utilizei luvas para poder agarrar na grama e conseguir maior estabilidade - para este caso, as boas são as vendidas em lojas de material de construção) e outro trecho desci amarrada com uma corda na cintura, para caso perdesse o atrito numa descida na pedra e acabasse caindo.
Elevador - Segundo dia |
Pedra da Baleia |
A parte mais esperada, e que realmente tive maior dificuldade, foi a chamada de "Cavalinho", onde é necessário escalar uma pedra, como se estivesse montando em um cavalo. O detalhe é que para fazer isso, a pessoa fica de cara com um desfiladeiro (estilo olhando para o infinito e além). Essa parte foi a mais difícil pois eu não tinha comprimento de braço suficiente para agarrar na rocha e montar no "Cavalinho", mesmo com meu marido me erguendo. Minha sorte foi que havia outras pessoas na trilha e uma delas, após atravessar o Cavalinho, esticou a mão para eu conseguir escalar. Caso estivesse apenas com meu marido, ele teria que atravessar primeiro, esticar o braço tentando me alcançar, ou eu teria que ser içada por ele (levamos corda para esse tipo de eventualidade e para me dar apoio na hora de descer a outra pedra que comentei mais atrás). Sinceramente, são essas coisas que fazem a travessia ficar legal!
Segundo dia |
Em seguida tem uma escada de ferro bem velha, em um ponto que de outra forma seria muito difícil de superar. Muito bonito. Depois a trilha é bem óbvia e para se perder tem que fazer muita força.
Vista do Garrafão - Segundo dia |
No último dia é só descida, um zigue-zague muito longo, com alguns pontos bem bonitos para ver o vale. A trilha termina na sede do parque, onde você pode pedir um táxi ou uber para ir até a cidade (Teresópolis). No fim de semana tem uma feirinha na cidade, que vende um espetacular foleado de creme.
Terceiro dia de caminhada |
Fique atento ao tipo de calçado. Seus pés serão bem exigidos. Use bota impermeável e que o calçado seja confortável. Em muitos trechos você chutará pedras e enfiará literalmente o pé na lama, encharcando o calçado.
Terceiro dia de caminhada |
Utilizei bastões de caminhada. Foi de muita ajuda.
Como última observação: respeite a trilha. Na última parte do percurso, vi muita erosão provocada por desvios que caminhantes fizeram, no intuito de encurtar a caminhada. Esses trechos erodidos acabam inviabilizando algumas passagens e podem levar à necessidade de fechamento de alguns trechos, atrapalhando a vida de todos.
No mais, faça uma mochila leve, tenha consciência que é uma caminhada puxada, mas linda e aproveite o passeio!!!
Terceiro dia de caminhada |