Paris com crianças

Agosto de 2012.
Paris: recomendações gerais.

E aí? Será que dá para encarar Paris no verão e com crianças?

Fácil. Desde que você saiba que está no verão, que é época de férias na Europa e que as programações serão no tempo dos pequenos. Está ciente disto? Então tudo bem.

Não tente transformar passeio com crianças em uma visita puramente cultural, em que você poderá ficar o tempo que quiser analisando os monumentos.

Cada família tem sua rotina, seus hábitos e principalmente, o temperamento das minhas crianças pode não ser o das suas. Por isso encarre o dia de acordo com o ritmo dos seus, tomando meus relatos apenas como sugestões que deverão ser adaptadas.

Minha equipe saindo do museu Quai Branly

Para esta viagem gastamos aproximadamente 7 dias, todos em Paris, com direito a um bate e volta à Fontainebleau e uma ida frustada à Versailhes.

Foi a primeira vez que alugamos um apartamento. Foi uma experiência muito boa. O aluguel foi feito pela internet e no dia que chegamos o responsável pelo apartamento estava lá, nos esperando. Foi tudo muito tranquilo da parte dele. Eu é que fiquei tensa, com receio de não encontrar o local, do responsável não estar lá e de o apartamento não ser aquilo que aparecia na tela do meu computador. Felizmente tudo deu certo e só tenho a recomendar este tipo de hospedagem. Ficamos em um apartamento próximo ao Ópera Garnier, numa região totalmente turística e com todos os serviços que poderíamos precisar.

Nesta viagem eu levei meus dois filhos, 5 e 1 ano e 6 meses, na época. Além do meu marido, minha irmã foi junto, o que foi "as duas mãos na roda" para poder aproveitar os passeios.

Agradando os peqenos. Parquinho ao lado de Nicolau Flamel!!!

Na mala só o essencial, pois carregar malas e ficar de olho em crianças não é tarefa nem um pouco tranquila, mesmo tendo a proporção de 3 adultos e 2 crianças. Levamos também dois carrinhos de passeio, que são FUNDAMENTAIS para poder andar por Paris com os pequenos.

Quando chegamos,  um dos carrinhos havia desaparecido, mas no dia seguinte a Air France levou até o nosso apartamento. Este foi um momento de tensão, pois você quer chegar no aeroporto, pegar suas bagagens e seguir o passeio, mas confesso que não foi complicado chegar até o serviço de assistência da empresa aérea, informar o endereço em que estaríamos, descrever o carrinho e mostrar o comprovante de que ele havia sido embarcado. Como disse, o procedimento é simples. A problemática é você estar cansado, com duas crianças e ainda sem saber se o seu apartamento realmente estaria lá te esperando.

Pernas e braços para "andar" em Paris

Do aeroporto fomos para nosso apartamento utilizando o serviço de ônibus do aeroporto: Rossy bus. Na página do aeroporto de Paris tem os horários, terminais em que ele passa e os pontos de desembarque. Nosso ap ficava bem pertinho do ponto. Ao lado do Ópera Garnier.  Essa proximidade facilitou minha decisão de utilizar o ônibus. Quando voltamos para o aeroporto usamos o mesmo sistema. É um serviço de boa qualidade, rápido, ônibus em bom estado, adaptado para levar mala e com preço infinitamente melhor que táxi. Recomendo.

Após tomar posse do nosso cantinho... meu marido ficou com as crianças no apartamento e eu e minha irmã fomos andar pelas redondezas atrás de comida para abastecer a casa. Isso é muito fácil de fazer pois nesta região tem mercadinho em tudo quanto é canto. Os mercadinhos têm de tudo: carnes, frios, água, frutas, biscoitos, vegetais...tudo o que você vai precisar para fazer pelo menos uma refeição séria durante o dia. E trate de se permitir fazer uma refeição decente para as crianças. Não importa se é almoço, janta ou ceia. Trate de evitar problemas de saúde e disposição para poder aproveitar sua viagem. Felizmente não tivemos problema nenhum neste ponto.

Trocando fraldas no Campo de Marte

Utilizamos o serviço Paris Pass, que é similar ao que existe em outras capitais turísticas. Um cartão de entradas para museus e outras atrações, com descontos. É um serviço que vai valer a pena de acordo com a quantidade de lugares que você quer visitar e o com a quantidade de dias que passará em Paris. Para nós foi vantajoso e olha que não pudemos utilizar tudo o que ele oferecia, uma vez que nosso ritmo era o de criança. Procure na internet por Paris Pass para descobrir os preços atuais, atrações e locais de compra.

Andar por Paris é extremamente fácil. Falo isso porque andei por lá com dois adultos, duas crianças e dois carrinhos! Isso descobrindo tudo na hora. Mas veja bem! Minha irmã foi de extrema ajuda para poder me deslocar com essa bagagem toda. Com crianças o melhor é ter um adulto a mais, em número. Isso porque muitos lugares não possuem rampa para o deslocamento de carrinho. Isso vale para a entrada do metrô, onde tínhamos que descer as escadas com os carrinhos nos braços. Portanto, é extremamente fácil no sentido que há transporte público para todos os lugares turísticos e com uma boa sinalização, mas você precisará não só das pernas para se deslocar. Também precisará das mãos.

No verão eles montam "praias" em trechos do Sena.

Para passear... O que levar? Já que estamos com crianças, precisaremos de uma mochila. Na minha eu coloquei: lanche e roupa extra para os pequenos, fralda descartável, canga ou tolha de tecido fino,  lenços umedecidos, protetor solar. Documentos no bolso, máquina fotográfica pendurada no pescoço, como uma boa turista e água no cesto do carrinho. Menos que isso não dá. Quando precisar trocar fraldas ou roupas é só procurar um banquinho para servir como mesa ou estender a canga em algum gramado. Isso mesmo. Não é coisa só de turista. O parisiense curte estender uma toalha no gramado e ficar aproveitando o sol. Isso eu vi em frente ao Louvre, Campo de Marte, Place Des Vosges e em mais um tanto de lugares por lá. O dinheiro deve ficar num local de fácil acesso para você, porém seguro o bastante para não cair quando estiver distraído ou pegando alguma coisa com as crianças.

Carrinho em punho e mochila nas costas!

A questão da segurança com documentos e dinheiro deve ser redobrada em Paris. Lá encontramos muitos grupos de pessoas, em especial mulheres jovens, que fugiram das precárias condições econômicas de seu país de origem, em geral leste europeu, e que, infelizmente, costumam bater carteiras. Elas chegam em grupos, pedindo dinheiro ou ajuda, ficam te encostando e se você for dar atenção elas acabarão te distraindo e levarão algo seu, sem você perceber. O assédio é grande. O que fazer? Continue andando firme, acene com a cabeça que não, SEM SORRIR. Repita "obrigada" e "não" enquanto anda. Não pare para olhar ou querer ser atencioso. Não estou sugerindo ser mal educada. Eu não fui mal educada, apenas firme na expressão de que não queria nada e pedindo licença para passar. Esse foi o único problema de segurança que me deparei por lá.

Minha irmã utilizou ônibus à noite e sozinha, e disse que foi tudo muito tranquilo.

Achar banheiro público pode ser complicado, pois não é fácil para uma criança segurar a vontade de fazer xixi.  Em alguns lugares eles são inexistentes. Precisei correr para o apartamento quando minha filha quis fazer xixi e não encontrei apoio na loja em que estávamos (loja grande de material esportivo), nem na igreja próxima (Madalaine). Existem alguns banheiros públicos muito bons espalhados por Paris, mas não encontrei nenhum nessa região em que eu estava. Tirando esse aperto, consegui usar banheiros dos museus, restaurantes e um desses públicos, que são auto-higienizáveis. Quanto você estiver nesses lugares, insista para que as crianças usem o banheiro, pois pode ser difícil encontrar algum outro disponível.

Notre Dame (na parte de trás tem um jardim bem agradável)

Passeios com foco em crianças não faltam. Recomendo que leiam sobre os lugares que você pretende conhecer e vejam se é possível atrair a atenção de seu filho. Em geral, até 2 ou 3 anos tudo é novidade. A atenção que você deve ter é o tempo que vai passar neste lugar. O que também ajuda é fazer uma imersão prévia com a criança em relação ao lugar que você quer visitar. Por exemplo: Notre Dame? Ainda no Brasil ofereça o filme "Corcunda de Notre Dame" da Disney. Além disso ofereça atividades agradáveis no local. Em Notre Dame tem um jardim com parquinho. Meus filhos gostaram muito! Depois de um passeio no interior da Catedral, sentei em um banco, num jardim muito do bonito, enquanto meus filhos brincavam no parquinho. Ainda tive a "canja" de música ao vivo! Uma moça ensaiava no violino ali no jardim. Depois disso ainda pudemos passear numa escavação logo em frente à Catedral (Cripta Arqueológica), num passeio rapidinho, de uns 15 minutos, que não deu para cansar meus pequenos.

Na roda-gigante com o Louvre ao fundo

No verão eles sempre montam um parque de diversões em frente ao Louvre. É um parque convencional, nada de mais, mas as crianças adoram. Levamos meus filhos umas duas vezes. Na roda gigante minha filha gostou de reconhecer os lugares que ela havia visitado, além de curtir o simples fato de de estar lá no alto. Este é um dos momentos que vale a pena fazer um rodízio entre os adultos. Enquanto dois adultos ficam com as duas crianças (proporção de um adulto para uma criança...sou neurótica) o terceiro adulto faz um passeio solo. Se não me engano, neste dia minha irmã foi ao Sacre-Coeur. Eu não fui. Levar crianças tem disso: para conseguir um pouco de paz e harmonia e necessário abrir mão de algumas coisas.

A cidade é rica em áreas livres que permitem que as crianças corram com relativa segurança. Use e abuse. Intercale lugares fechados com essas áreas, para não entendiar as crianças e consequentemente acabar com sua paciência.

Correndo no Campo de Marte

Em outra postagem descreverei os passeios que fiz por lá e como tentei tornar tudo atrativo para meus filhos. Meu menino não consegue lembrar de lá, mas minha filha, que na época tinha 5 anos e hoje tem 7 lembra-se com um tremendo sorriso do passeio em Paris.

No mais, talvez o principal: utilize sempre "bonjour" e "merci". Havia ouvido falar que o humor dos franceses com os turistas não é o melhor. Por isso tratei de utilizar essas duas palavras sempre no começo e final das frases. Eu não tenho ABSOLUTAMENTE NADA a reclamar. Fui muito bem tratada. Na várias vezes que solicitei orientação, no meu pobre inglês, eles se esforçaram em me entender e responder minhas questões. Em todas as lojas fui bem atendida e nas ruas só me deparei com civilidade vinda do povo de Paris. Imagino que não deva ser fácil viver em uma cidade tão turística e ter que dividir o espaço com tantas pessoas que estão apenas contemplando o local, enquanto eles precisam cumprir a rotina do dia a dia. Talvez estas duas palavras tenham ajudado. E convenhamos, deve ajudar em qualquer lugar!

Quanto a recomendações gerais, creio que isto é o principal. Caso alguém tenha alguma outra dúvida é só comentar que vou tentar ajudar.

Boa viagem!