sábado, 19 de maio de 2018

TREM NA ITÁLIA: NOSSA EXPERIÊNCIA

TREM NA ITÁLIA: NOSSA EXPERIÊNCIA
Em Verona (chegamos de trem regional, a partir de Veneza).

Viajamos entre algumas cidades do centro-norte da Itália, no período de final de março e início abril de 2018. Fizemos o trajeto entre as cidades utilizando o serviço de trem. Neste post, um relato de como foi e nossas opiniões sobre o serviço.

Fizemos o trajeto entre as cidades de Milão, Florença, Pisa, Bolonha, Verona e Veneza.

Para os trajetos maiores nós compramos as passagens ainda no Brasil, para pagar uma tarifa menor. Neste caso, quanto maior a antecedência de compra, mais barato o bilhete (trajeto Milão - Florença e Veneza - Milão). Os demais trajetos utilizamos o trem denominado regional e compramos os bilhetes em totens de auto-atendimento.


Bilhete trem regional.

São duas as principais empresas de transporte férreo na Itália: Trenitália e Italo. Os serviços oferecido por elas é bem similar. 

A Trenilália tem alcance maior e opera trens de alta velocidade, média velocidade e os denominados regionais, que são os mais lentos e que param num maior número de cidades. É a linha regional que liga as cidades menores. 

Já a empresa Italo só opera trens de alta velocidade. Utilizamos a Italo para nos deslocar de Milão para Florença e a Trenitália para nos deslocar de Veneza para Milão, que foram os trajetos de maior distância. Esses dois trechos, como já mencionei compramos ainda no Brasil, utilizando o serviço de internet.



Ao comprar os trechos maiores pela internet, você irá imprimir a passagem e apresentar este bilhete para o fiscal que passará percorrendo o trem, durante a viagem. Mantenha este bilhete, assim como qualquer outro, em sua posse até o final do passeio. Este bilhete não precisa ser inserido em máquinas que validam a passagem (os trens regionais precisam). Ele será validado pelo fiscal. No caso deste trem, alta velocidade, virá marcado a carozza (vagão) que você deve entrar e o número do assento. Caso você chegue atrasado e não acreditar que não dará tempo para entrar no seu coche/carozza/vagão antes do trem partir, entre em qualquer um e vá andando por dentro. As carozzas são interligadas por portas, que basta apertar um botão para elas se abrirem e você se deslocará por elas.



Nas plataformas dos trens de alta velocidade (os trens de alta velocidade da Trenitália são chamados de frecciarossa), ficam alguns funcionários das empresas que podem dar alguma orientação, em italiano ou num inglês básico. Nas plataformas dos trens regionais, nem sempre tem funcionários das empresas.

Os trens de alta velocidade são trens mais confortáveis, com restaurante, mesas entre as cadeiras e wi-fi. Também entregam revistas, água e algum aperitivo (batatinhas ou amendoim).


Porta do vagão 8, trem de alta velocidade.

Quanto aos trajetos de menor distância, no nosso caso entre Florença e Pisa, Florença e Bolonha, Bolonha e Veneza, utilizamos o Trenilália regional. Para esse tipo de trem, não é necessário comprar com antecedência, pois não há variação de preço (ou é pequena) e a oferta é grande.

Os bilhetes para trens regionais podem ser comprados em guichês e você será atendido por um funcionário, ou pode utilizar máquinas de auto-atendimento que ficam espalhadas pela estação. Nós optamos pelas máquinas de auto-atendimento. Como não tinha opção de atendimento em português, optamos por espanhol (também tem inglês, alemão, francês e chinês).


Interior de trem de alta velocidade.

Na compra dos bilhetes regionais você deve ficar atento ao número do trem e horário que escolheu, pois essas informações não aparecem impressas no bilhete! Só na tela! Esses trens não tem número de vagão (coche/carozza), nem assento pré-determinado. É chegar e sentar. Se o trem estiver cheio, você irá em pé! Chegue com uns 20 minutos de antecedência, para conseguir assento livre e para verificar em qual plataforma o seu trem partirá. Isso mesmo, o número da plataforma não vem no bilhete, nem na tela. O número da plataforma aparecerá em telões espalhados pela estação, uns 20 minutos antes da partida. Nos telões aparecerão número do trem, destino final (que pode não ser o seu destino, mas a cidade que você vai descer se encontra naquele trecho), plataforma e horário de partida.


Painel de informações: empresa, número do trem, destino final, horário de saída, status e plataforma.

Caso você chegue em frente à porta do vagão e ela esteja fechada, aperte um botão que tem na porta e ela se abrirá.

Outro detalhe importante: valide os bilhetes regionais em máquinas que ficam espalhadas pela plataforma, ou no caso de algumas cidades, no início da plataforma. Sem essa validação você terá que pagar uma multa salgada. Em março de 2018 essas máquinas de validação eram verdes.


Máquina para validar bilhetes.

Trens regionais não possuem wi-fi, nem restaurante ou serviço de bordo, mas tem banheiros!

Banheiros nas estações são pagos por moedas que são inseridas em catracas. Se você não tiver o valor exato da moeda para entrar no banheiro, existem máquinas, próximas a ele, para você trocar seu dinheiro por  valores aceitos pelas catracas.

Recomendações gerais:
1-Mantenha os bilhetes durante todo o trajeto, mesmo que o fiscal já o tenha validado;
2- Nas linhas regionais, valide o bilhete antes de entrar;
3- Tente chegar mais cedo para conseguir um lugar para sentar, caso viaje de trem regional;
4- Viaje com pouca bagagem (facilita o deslocamento);


Estação Central de Milão e nossas duas bagagens.

Para a página oficial da Italo, clique aqui.
Para a página oficial da Trenitália,clique aqui














quinta-feira, 3 de maio de 2018

FURAÇÃO E ORLANDO - NOSSA EXPERIÊNCIA

FURAÇÃO E ORLANDO - NOSSA EXPERIÊNCIA.
Magic Kingdon, no primeiro dia de abertura pós-Irma. Pouca gente no parque (poucas pessoas atrás da gente na foto), mas maioria dos brinquedos em funcionamento.

Visitamos Orlando em setembro de 2017, justamente no período do Furação Irma. Estávamos em três adultos e duas crianças de 6 e 10 anos. Neste texto, nossa experiência.

Quando compramos a passagem para setembro, não nos atentamos se este era um período de furacão na região. Mesmo se soubéssemos disso, não afetaria nossa decisão. A região de Orlando é conhecida por ser um lugar seguro, mesmo estando na região tomada por furacões. Durante o tempo que passamos por lá precisamos nos adequar a imposição de uma nova rotina, diante do que havíamos programado, uma vez que normas de segurança devem ser seguidas, para minimizar os danos. E foi isso que fizemos.

Nossa situação não foi nada desconfortável se comparada com aqueles que tinham voo de ida ou volta marcados para o período da passagem do furacão. No nosso caso já estávamos lá há uns dias, quando foi confirmada que o trajeto do furacão passaria por Orlando. Quem teve seu voo alterado realmente não ficou em boa situação, pois as férias dessas pessoas provavelmente precisaram ser reagendadas, canceladas ou tiveram seu retorno para o Brasil comprometido. Como já estávamos na cidade no dia do furacão e só voltaríamos para o Brasil mais a frente, nosso problema com voo não existiu.


Por volta de três da tarde, após passagem do furacão. Só pudemos sair depois das 18 horas.

A região se preparou bem para a passagem do furacão, que felizmente não chegou com a força que atingiu Miami e outras cidades costeiras. Como não dá para saber com precisão de 100% qual será a magnitude de sua força, todos se prepararam para passar aperto e fomos orientados para isso.

As redes de TV passavam o tempo todo informações sobre o trajeto do Irma e os pedágios das autoestradas foram suspensos pelo governo, um pouco antes, durante e alguns dias depois da passagem do furacão, para facilitar o deslocamento das pessoas, a fim de evacuar as cidades que precisavam ser evacuadas.

Orlando não precisou ser evacuada, mas vi muitas pessoas, em redes sociais, literalmente fugindo de Orlando, com muito pânico. Não tomamos esta iniciativa, por não acreditarmos que em outro local estaríamos mais seguros. Inclusive algumas pessoas acabaram por se deslocar para uma cidade que acabou sendo atingida com muito mais intensidade, pois o trajeto do furacão tem um grau de incerteza e ele acabou se deslocando para a cidade que a família em questão tentou se refugiar.


Arredores do hotel.

A cidade enfrentou danos. Muitas árvores caídas, torres danificadas, alguns estabelecimentos destelhados e outras avarias, semáforos caídos ou semi-pendurados, além de um ou outro jacaré perdido pelas ruas (verdade...). Não mais que isso, provavelmente pela organização e adequado sistema de serviços. No primeiro dia que pudemos sair, praticamente não observei lixo espalhado pela cidade, o que poderia ter acontecido se não fosse o hábito e sistema de descarte adequado do mesmo.



O que fizemos? Como estávamos em um hotel (não era hotel do complexo Disney, nem Universal), nos informamos na recepção se precisaríamos ir para algum abrigo, pois foi disponibilizado abrigos em Orlando e qual outra medida que deveríamos adotar. Eles nos informaram que não havia sido dada ordem de evacuação e que o hotel era o local mais seguro para ficarmos. Inclusive o hotel teve um aumento de lotação nos dias do furacão. Algumas famílias da região costeira se hospedaram neste hotel, para ficar em área mais segura. Foram com animais de estimação e tudo.

Diariamente o hotel afixava informações sobre o que estaria fechado na cidade e outros detalhes de segurança.


Lotação do Epct na véspera da passagem do furação.

Fomos recomendados, pelo hotel e pelos órgãos do governo, via televisão, a estocar água. Essa medida é para caso a rede de abastecimento seja afetada e falte água potável. Além disso fomos informados que não poderíamos sair por 48 horas e por isso precisamos adequar nossas visitas aos parques e estocar comida, uma vez que no hotel só havia café da manhã.

Nos dirigimos a alguns supermercados e farmácias e compramos água e lanches suficientes para esses dois dias. Precisávamos nos armazenar para almoço, jantar e lanche. Nos supermercados encontramos fila para água. A fila era organizada de forma bem eficiente. Um engradado de água por carrinho e a fila fluiu sem problemas. Bem rápido.


Magic Kingdon, pós-furacão. Observe pela foto que o parque não estava lotado (pouso e decolagem de voos interrompida e com isso, parques mais vazios).

Como decidimos nos abastecer bem perto da passagem do furacão, encontramos uma oferta bem limitada de pães e outros biscoitos. Por isso, se você se encontrar em situação semelhante, não espere muito tempo para se abastecer de comida. Optamos por comida que não precisasse ir ao microondas, pois haveria o risco de ficarmos sem energia e sem energia .... sem microondas.

O que desapareceu dos supermercados e afins foi o estoque de lâmpadas, pilhas e baterias. Quando perguntei para um funcionário o motivo, ele olhou pra mim com cara de surpresa e disse que era devido ao furacão. Deve ter pensado qual era o mundo em que eu vivia.
Epcot, véspera do furacão.

O americano leva a sério a questão de segurança. Se preparam para eventos adversos e inclusive frisam que você é responsável pela sua segurança, não no sentido de que você está sozinho, e sim no sentido que você deve fazer sua parte. Várias vezes ouvi repórteres e pessoas do governo falando que não deveríamos ficar nas ruas durante a passagem do Irma e que se lá estivéssemos não esperássemos sermos resgatados, para que não colocassem a vida dos policiais em perigo. Caso fossemos encontrados nas ruas, seríamos detidos. Em outras palavras: "estamos dando as orientações com antecedência e de forma contínua, não haja colocando a vida de outro em perigo".

Sugiro que caso viagem para Orlando em época de furacão, prefira hotel a casa alugada, devido ao trabalho que algumas famílias tiveram em colocar tapumes de madeira nas janelas das casas, por questão de segurança. No hotel, o que fizemos foi que na noite da passagem do Irma, colocamos as crianças para dormir na cozinha do quarto (era um quarto com cozinha e banheiro), onde não havia janela. A força do vento pode arrebentar os vidros.

Prepare-se para enfrentar fila nos restaurantes quando for liberado o retorno para ruas. Todos estarão loucos por uma refeição diferente e por poder voltar ao ritmo de férias. Por isso, ao sair, entre no primeiro restaurante que encontrar. Se ficar rodando procurando algum específico, corre o risco de encontrar muita fila, como foi nosso caso. E não há o que reclamar! Todos querem sair dos hotéis, as equipes dos restaurantes poderão estar desfalcadas, e as condições dos restaurantes podem estar prejudicadas. IHOP, onde jantamos assim que pudemos sair do hotel, estava com um parte do telhado afetada, o que gerava goteira em alguns pontos.

Assim que definirem que as pessoas precisarão ficar em suas residências, procure logo um local para estacionar seu carro, caso tenha alugado um. Como saímos na véspera e chegamos mais tarde, porém dentro do horário permitido, não conseguimos estacionar em vaga coberta, o que seria mais seguro. Precisamos deixar o carro em frente a uma loja, pois todas as vagas do hotel, cobertas ou não, já estavam ocupadas. É expressamente proibido estacionar em local inadequado, mesmo aparentemente sendo viável e estando em uma situação atípica.


Brincar e estudar.

O que fizemos nos dois dias confinados no hotel? Inicialmente dormimos, pois a maratona dos parques deixa qualquer um pregado. Mas uma vez o sono restabelecido o que restava era televisão e internet. Não havíamos do que reclamar, afinal de conta havia sinal!! Como não sabíamos se teríamos energia, nos preocupamos em comprar alguns brinquedos para as crianças. Esses brinquedos seriam comprados de qualquer jeito. É lugar comum ir a Orlando e comprar brinquedos. O que fizemos foi realizar a compra antes do furacão chegar. Além disso havia levado material da escola da filha mais velha, fotografado no tablet. Portanto teve: dormir mais, ver TV, acessar muito a internet, estudar com a filha, brincar com os filhos e reprogramar a visita aos parques.


Passando o tempo com Lego.

Quando saímos do Brasil, já tínhamos definido em qual parque ir e em qual dia, a fim de otimizar o passeio e pegar dias de menor lotação. Tivemos que adiantar um parque aquático, pois os parques aquáticos só voltariam a abrir muito próximo ao nosso retorno e se os danos ao parque fossem grandes (muita área descoberta em parque aquático) correríamos o risco de não poder visitá-los. A visita à Nasa foi cancelada, pois o parque também demoraria mais para reabrir. A data de reabertura era fornecida e atualizada constantemente pelo hotel e pelos sites. Já no Brasil conseguimos o reembolso deste passeio não realizado. Sem maiores dramas, reconhecíamos que nossa situação era bem confortável uma vez que estávamos numa situação de alerta.


Dia ensolarado, mas com alertas e interrupções das atividades.

Visitamos o Volcano Bay dois dias antes do furacão e enfrentamos uma boa ventania. Por duas vezes foi dado sinal de alerta para todos saírem da água devido a passagem de ventos mais fortes e descargas elétricas. No primeiro alerta aproveitamos para almoçar e no segundo já estávamos quase na hora de sair do parque. Confesso que nadar num rio caudaloso, de boia, no meio da ventania foi legal pra caramba! Eu e minha filha mais velha nos sentimos na maior aventura. Aventura controlada, pois havia salvas-vidas pra tudo quanto é lado, durante o trajeto do rio. Inclusive uma das vezes eles tiveram que pedir para sairmos devido à ventania.



Epcot preparado para o Irma.

O Epcot visitamos na véspera do furacão. No dia seguinte ele estaria fechado. O parque estava muito vazio!!! Praticamente um parque privado. Não enfrentamos fila e foi tudo ótimo! Identificamos em vários pontos a preparação para a passagem do Irma. Muitos postes com a parte de vidro isolada, sacos de areia barrando portas e muitas lixeiras presas umas nas outras, para dificultar deslocamento. Nenhuma atividade foi interrompida na véspera, mas no primeiro dia de retorno ao funcionamento, fomos ao Magic Kingdon e algumas áreas estavam fechadas devido ao estrago do Irma: um circuito do Tom Saywer e uma outra que tem um trajeto em rio (muita árvore caída no circuito). Neste dia os parques também estavam vazios, pois muitos voos não estavam chegando na cidade devido a interdição do aeroporto.

Ficamos sem visitar algum parque? Sim. Nos aborrecemos por ter que ficar dois dias no hotel? Sim. Seguimos as orientações de segurança? Sim. O furacão chegou a atrapalhar nossa diversão? Sinceramente, não. Acredito que principalmente por termos optado por não entrar em pânico (considero isso uma opção). A situação poderia ter sido bem pior, claro, mas nesses momentos, realmente acredito que devemos agir pensando em como minimizar o dano e buscando ajuda em quem tem experiência no assunto, no caso, o pessoal de lá. Friso que tivemos muita sorte em termos pego o furacão quando já estávamos lá e fora do período do nosso voo de volta. De resto, foi apenas se adequar.

Quando Irma chegou em Orlando, já havia sido reclassificado como tempestade tropical, e não mais como furacão. Não houve interrupção de água nem de energia. Seu estrago na cidade foi bem menor que chegaram a esperar.

Busque informações. Não aja por impulso. Aproveite a viagem!